Quando pensamos em desperdício, muitas vezes imaginamos itens como garrafas plásticas d’água amassadas, embalagens sujas de comida ou copos plásticos do cafezinho do escritório, mas não pensamos em um par de jeans perfeitamente usável que foi jogado fora só porque não serve mais.
Mesmo no caso de uma camiseta velha manchada ou um par de roupas íntimas rasgadas, há muitos programas de reciclagem de têxteis para manter até os itens mais inúteis fora dos aterros.
Primeiramente, é importante ressaltar que o descarte das roupas deve ser a ÚLTIMA alternativa e sempre devemos pensar em um consumo consciente.
De acordo com o SEBRAE, estima-se que no Brasil são descartados 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano (isso inclui não só roupas prontas, mas também, resíduos das confecções). Desse volume todo, 80% vai parar nos aterros sanitários.
Como os tecidos são feitos de materiais diferentes, alguns podem demorar meses para se decompor, como é o caso do algodão e outras fibras naturais, ou até centenas de anos, como as fibras sintéticas de poliéster. Além disso, a decomposição destes tecidos pode apresentar um risco ao meio ambiente, pois os mesmos podem contaminar solo e água.
Como comentei, o descarte deve ser nossa ultima opção. Eu moro em Curitiba e o inverno está se aproximando por aqui. A prefeitura da cidade sempre incentiva a doação de roupas nessa época do ano com campanhas bem estruturadas, mas caso a doação não esteja nos seus planos, existem outras formas de direcionar essas roupas para o lugar correto sem acrescentar mais volume de lixo têxtil aos aterros sanitários.
Você pode procurar sites de revenda on-line ou até mesmo brechós para vender suas peças. O Upcycle é outro termo que está super em alta, pois muitas roupas antigas podem ser transformadas com alguns acessórios a mais, como é o caso das jaquetas jeans que receberam grafites e desenhos personalizados e foram reformadas para um novo uso.
MAS É POSSÍVEL RECICLAR ROUPA?
Sim, porém essa reciclagem não é simples! No Brasil, existem alguns recursos e organizações sustentáveis que levam suas roupas, acessórios e itens têxteis muito antigos e os destinam para outros usos. Esses tecidos podem ser utilizados para fazer isolamento doméstico, enchimento de travesseiros, enchimento de assentos de carro e até mesmo tecido “novo” feito de fibras recicladas.
Uma roupa usada para ser reciclada precisa passar por uma triagem (para se certificar que ela não esteja contaminada), seus aviamentos devem ser retirados (zíperes, botões, bordados, etc.), e então, ela é separada por cor e composição. Cada tipo de tecido (natural ou sintético, puro ou misto) exige um processo e maquinário específico para a reciclagem. Tecidos puros (100% algodão, poliéster ou poliamida, por exemplo) podem ser desfibrados (picotados até voltarem a ser fibras) e transformados em fios novamente ou em plástico. Tecidos mistos (misturas de fibras: poliéster com elastano, por exemplo) podem ser desfibrados e são utilizados como insumo para a indústria automobilística (revestimentos) ou de construção civil (mantas térmicas e acústicas). Todo o processo logístico e a própria reciclagem é complexa, e por isso, ainda é mais fácil para os fabricantes usarem tecidos de fibras virgens do que recicladas para confeccionar suas roupas.
Mas como você pode destinar as suas roupas de forma correta?
A primeira coisa que você pode fazer, é entrar em contato com o fabricante para saber se ele faz logística reversa, isto é, recebe de volta as peças usadas para destiná-las de forma correta.
Outra alternativa para encontrar onde descartar é o eCycle. No site você coloca o que quer descartar (além de roupas, tem outras coisas que a gente nunca sabe o que fazer!), o seu CEP, e você consegue uma lista de locais de coleta perto da sua casa! Eu achei isso incrível, pois sempre que preciso lembrar um lugar de coleta acabo esquecendo e descartando no local mais fácil, o lixo.
E por fim, algumas marcas já têm iniciativas bacanas:
Uma delas é a C&A com o Movimento Reciclo. Você encontra caixas de coleta em 160 lojas em todo o Brasil, para descartar as roupas que não quiser mais.
Outra iniciativa parecida é da Renner, com o projeto EcoEstilo. A marca disponibiliza caixas coletoras em suas lojas, faz a triagem das peças, e destina para reutilização, reciclagem ou descarte mesmo. Além de ter esse projeto de logística reversa para roupas, a Renner também coleta embalagens e frascos de perfumaria e beleza.
A Puket também tem um projeto muito bacana, que é o Meias do Bem. Sabe aquelas meias furadas que você não sabe o que fazer? É só levar nas lojas e depositar nas caixas de coleta. Essas meias são recicladas e transformadas em cobertores para doação.
A Havaianas também coleta chinelos usados com o projeto ReCICLO, em que urnas estão disponíveis em algumas lojas da marca. Os chinelos são coletados, passam por uma triagem, e aqueles que não podem ser mais usados, são destinados à reciclagem, se transformando em tapetes de borracha para playground e pneus.
Os desafios são grandes, mas podemos começar com pequenas atitudes. Que tal doar, vender ou até mesmo reciclar uma peça que você não usa mais?